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A Evolução do Líder e da Liderança nas Organizações

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A liderança corporativa evoluiu de um papel autoritário e centralizador para uma função estratégica, empática e multifacetada, refletindo as transformações sociais, tecnológicas e econômicas das últimas décadas.

 

Ao longo do século XX, a liderança nas organizações era marcada por uma estrutura hierárquica rígida, onde o líder ocupava uma posição de comando absoluto. O modelo taylorista, por exemplo, via o líder como um supervisor técnico, responsável por garantir a eficiência operacional e o cumprimento de metas. Nesse contexto, o foco estava na produtividade, e as relações humanas eram secundárias. O líder era visto como alguém que detinha o conhecimento e o poder, e sua autoridade raramente era questionada. Um exemplo clássico desse modelo pode ser observado nas fábricas da era industrial, onde o gerente fiscalizava os operários com base em normas e padrões definidos, sem espaço para diálogo ou inovação.

 

Com o avanço da globalização e o surgimento de novas tecnologias, especialmente a partir dos anos 80, as organizações começaram a enfrentar ambientes mais dinâmicos e competitivos. Isso exigiu uma mudança no perfil da liderança. O líder passou a ser visto como um agente de transformação, capaz de inspirar, motivar e conduzir equipes em direção à inovação. A responsabilidade deixou de ser apenas operacional e passou a incluir aspectos estratégicos, como a gestão da cultura organizacional, o desenvolvimento de talentos e a promoção da diversidade. Um exemplo dessa transição pode ser visto em empresas de tecnologia como a Microsoft, que nos anos 90 começou a valorizar líderes com habilidades interpessoais e visão de futuro, capazes de fomentar a criatividade e a colaboração entre equipes multidisciplinares.

 

Na virada do século XXI, com o crescimento exponencial da internet e das redes sociais, a liderança corporativa passou a enfrentar novos desafios relacionados à transparência, à reputação e à velocidade da informação. O líder moderno não apenas precisa tomar decisões rápidas e assertivas, mas também deve ser capaz de comunicar essas decisões de forma clara e ética. A responsabilidade pela comunicação interna e externa tornou-se central, e o líder passou a ser um porta-voz da organização. Um exemplo emblemático é o de líderes que atuam em empresas com forte presença digital, como o CEO da Netflix, que frequentemente se posiciona publicamente sobre temas sociais e culturais, refletindo os valores da empresa e influenciando a percepção do público.

 

Além disso, a pandemia de COVID-19 acelerou transformações profundas na forma como se exerce a liderança. O trabalho remoto impôs a necessidade de líderes mais empáticos, capazes de manter o engajamento das equipes mesmo à distância. A saúde mental dos colaboradores tornou-se uma preocupação legítima, e o líder passou a ter a responsabilidade de criar ambientes de trabalho saudáveis e inclusivos. A liderança passou a ser exercida com base na confiança, na escuta ativa e na flexibilidade. Um exemplo marcante foi o de empresas que adotaram políticas de home office permanente, como o Twitter, exigindo de seus líderes uma nova abordagem para gerir desempenho, promover integração e manter a cultura organizacional viva.

 

Outro aspecto relevante da evolução da liderança corporativa é o papel do líder como promotor da sustentabilidade e da responsabilidade social. Em um mundo cada vez mais consciente dos impactos ambientais e sociais das atividades empresariais, espera-se que os líderes incorporem práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) em suas estratégias. A liderança deixou de ser apenas voltada para o lucro e passou a considerar o impacto das decisões no longo prazo. Um exemplo disso é o de empresas como a Natura, cuja liderança promove ações voltadas para a preservação da biodiversidade e o desenvolvimento de comunidades locais, integrando propósito e resultado financeiro.

 

A transformação digital também redefiniu as competências exigidas dos líderes. Hoje, espera-se que eles tenham fluência tecnológica, compreendam dados e saibam utilizar ferramentas digitais para tomar decisões. A liderança baseada em dados tornou-se uma realidade, e o líder precisa ser capaz de interpretar indicadores, prever tendências e adaptar estratégias com agilidade. Um exemplo prático é o uso de inteligência artificial na gestão de pessoas, onde líderes utilizam algoritmos para identificar padrões de comportamento, prever riscos de turnover e personalizar planos de desenvolvimento.

 

Por fim, a liderança corporativa contemporânea é marcada pela complexidade e pela necessidade de adaptação constante. O líder deixou de ser um especialista técnico para se tornar um facilitador de processos, um mentor de talentos e um guardião dos valores organizacionais. A responsabilidade não está mais centrada apenas nos resultados financeiros, mas também na construção de uma cultura de confiança, inovação e propósito. Essa evolução reflete não apenas mudanças no ambiente de negócios, mas também uma nova compreensão sobre o papel das organizações na sociedade.

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