A Série Rainbow Books: A Base Histórica da Segurança da Informação
- Felipe Prado
- 1 de ago.
- 3 min de leitura

Você conhece os chamados Rainbow Books? A série conhecida como Rainbow Series ou Rainbow Books é um conjunto de publicações desenvolvidas pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) com o objetivo de estabelecer critérios para segurança de sistemas computacionais. Cada livro da série tem uma capa de cor diferente — daí o nome “Rainbow” — e trata de aspectos específicos da segurança da informação.
Na década de 1970 o DoD percebeu a necessidade de proteger informações sensíveis em sistemas computacionais. Surgiu então o primeiro documento, o famoso Orange Book (1983). Oficialmente chamado de Trusted Computer System Evaluation Criteria (TCSEC), esse livro definiu critérios para avaliar a segurança de sistemas operacionais. Tornou-se a pedra angular da série. Com o tempo, outros livros foram adicionados, cada um com uma cor distinta e foco específico — redes, criptografia, controle de acesso, etc.
Os principais livros da Série são
Cor | Nome Técnico | Foco |
Orange Book | TCSEC | Avaliação de segurança de sistemas operacionais |
Red Book | NCSC-TG-005 | Segurança em redes de computadores |
Purple Book | NCSC-TG-004 | Modelos formais de segurança |
Green Book | NCSC-TG-006 | Auditoria de segurança |
Blue Book | NCSC-TG-001 | Diretrizes para design de sistemas confiáveis |
Black Book | NCSC-TG-007 | Criptografia e segurança de comunicações |
Existem diversos outros livros, mas acredito que os livros acima sejam os mais importantes. Mas o que esta série contribuiu para o desenvolvimento da Segurança da Informação ao longos dos anos? Bom, acredito que vários fatores, mas citando alguns:
1. Padronização de Avaliações
Criou critérios objetivos para avaliar se um sistema é “confiável”
Introduziu conceitos como discretionary access control (DAC) e mandatory access control (MAC)
2. Base para Certificações
Serviu como base para certificações como Common Criteria (ISO/IEC 15408)
Influenciou normas como ISO/IEC 27001 e ISO/IEC 27002
3. Modelo de Confiança
Estabeleceu níveis de segurança (D a A1), onde A1 representa o mais alto grau de confiança
Esses níveis ajudaram governos e empresas a escolher sistemas adequados para diferentes tipos de dados
4. Segurança em Redes
O Red Book expandiu os conceitos do Orange Book para ambientes de rede
Introduziu práticas de segurança para comunicação entre sistemas distribuídos
5. Auditoria e Monitoramento
O Green Book trouxe diretrizes para auditoria de sistemas, essencial para detectar e responder a incidentes.
As influências Globais desta série também valem ser citadas. Nos Estados Unidos serviu como base para políticas de segurança em agências governamentais e militares. Na Europa inspirou normas como a BS7799, que evoluiu para a ISO/IEC 17799 e depois para a série ISO/IEC 27000, e no Brasil influenciou normas da ABNT como a NBR 1333 e NBR 10842, voltadas para segurança física e lógica.
Seu legado conceitual:
Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade (CIA): Embora não criados pela série, esses pilares foram reforçados por ela
Segurança por design: Incentivou o desenvolvimento de sistemas com segurança embutida desde o início
Engenharia de segurança: Estimulou a criação de disciplinas acadêmicas e profissionais voltadas à segurança da informação
Com o avanço da tecnologia, os Rainbow Books foram gradualmente substituídos por normas internacionais mais abrangentes como a Common Criteria (ISO/IEC 15408) que é a evolução direta dos critérios do Orange Book, a ISO/IEC 27000 Series com foco em gestão de segurança da informação, riscos e auditoria, e o NIST Frameworks, que nos EUA, passou a liderar a criação de frameworks modernos de cibersegurança
Apesar de não serem mais oficialmente utilizados, os Rainbow Books ainda são referência histórica e educacional, uma base para entender os fundamentos da segurança computacional, e sem dúvida uma fonte de inspiração para novos frameworks e políticas.
A série Rainbow Books foi um divisor de águas na história da segurança da informação. Ela não apenas definiu padrões técnicos, mas também moldou a forma como governos e empresas pensam sobre proteção de dados, confiança em sistemas e avaliação de riscos. Seu legado vive nas normas modernas, nas práticas de auditoria e nos princípios que sustentam a cibersegurança atual.
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