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A Série Rainbow Books: A Base Histórica da Segurança da Informação


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Você conhece os chamados Rainbow Books? A série conhecida como Rainbow Series ou Rainbow Books é um conjunto de publicações desenvolvidas pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) com o objetivo de estabelecer critérios para segurança de sistemas computacionais. Cada livro da série tem uma capa de cor diferente — daí o nome “Rainbow” — e trata de aspectos específicos da segurança da informação.

 

Na década de 1970 o DoD percebeu a necessidade de proteger informações sensíveis em sistemas computacionais. Surgiu então o primeiro documento, o famoso Orange Book (1983). Oficialmente chamado de Trusted Computer System Evaluation Criteria (TCSEC), esse livro definiu critérios para avaliar a segurança de sistemas operacionais. Tornou-se a pedra angular da série. Com o tempo, outros livros foram adicionados, cada um com uma cor distinta e foco específico — redes, criptografia, controle de acesso, etc.

 

Os principais livros da Série são

 

Cor

Nome Técnico

Foco

Orange Book

TCSEC

Avaliação de segurança de sistemas operacionais

Red Book

NCSC-TG-005

Segurança em redes de computadores

Purple Book

NCSC-TG-004

Modelos formais de segurança

Green Book

NCSC-TG-006

Auditoria de segurança

Blue Book

NCSC-TG-001

Diretrizes para design de sistemas confiáveis

Black Book

NCSC-TG-007

Criptografia e segurança de comunicações

 

Existem diversos outros livros, mas acredito que os livros acima sejam os mais importantes.  Mas o que esta série contribuiu para o desenvolvimento da Segurança da Informação ao longos dos anos? Bom, acredito que vários fatores, mas citando alguns:

 

1. Padronização de Avaliações

  • Criou critérios objetivos para avaliar se um sistema é “confiável”

  • Introduziu conceitos como discretionary access control (DAC) e mandatory access control (MAC)

 

2. Base para Certificações

  • Serviu como base para certificações como Common Criteria (ISO/IEC 15408)

  • Influenciou normas como ISO/IEC 27001 e ISO/IEC 27002

 

3. Modelo de Confiança

  • Estabeleceu níveis de segurança (D a A1), onde A1 representa o mais alto grau de confiança

  • Esses níveis ajudaram governos e empresas a escolher sistemas adequados para diferentes tipos de dados

 

4. Segurança em Redes

  • O Red Book expandiu os conceitos do Orange Book para ambientes de rede

  • Introduziu práticas de segurança para comunicação entre sistemas distribuídos

 

5. Auditoria e Monitoramento

  • O Green Book trouxe diretrizes para auditoria de sistemas, essencial para detectar e responder a incidentes.

 

As influências Globais desta série também valem ser citadas. Nos Estados Unidos serviu como base para políticas de segurança em agências governamentais e militares. Na Europa inspirou normas como a BS7799, que evoluiu para a ISO/IEC 17799 e depois para a série ISO/IEC 27000, e no Brasil influenciou normas da ABNT como a NBR 1333 e NBR 10842, voltadas para segurança física e lógica.

 

Seu legado conceitual:

  • Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade (CIA): Embora não criados pela série, esses pilares foram reforçados por ela

  • Segurança por design: Incentivou o desenvolvimento de sistemas com segurança embutida desde o início

  • Engenharia de segurança: Estimulou a criação de disciplinas acadêmicas e profissionais voltadas à segurança da informação

 

Com o avanço da tecnologia, os Rainbow Books foram gradualmente substituídos por normas internacionais mais abrangentes como a Common Criteria (ISO/IEC 15408) que é a evolução direta dos critérios do Orange Book, a ISO/IEC 27000 Series com foco em gestão de segurança da informação, riscos e auditoria, e o NIST Frameworks, que nos EUA, passou a liderar a criação de frameworks modernos de cibersegurança

 

Apesar de não serem mais oficialmente utilizados, os Rainbow Books ainda são referência histórica e educacional, uma base para entender os fundamentos da segurança computacional, e sem dúvida uma fonte de inspiração para novos frameworks e políticas.

 

A série Rainbow Books foi um divisor de águas na história da segurança da informação. Ela não apenas definiu padrões técnicos, mas também moldou a forma como governos e empresas pensam sobre proteção de dados, confiança em sistemas e avaliação de riscos. Seu legado vive nas normas modernas, nas práticas de auditoria e nos princípios que sustentam a cibersegurança atual.

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